Eu nem gostava de futebol, mas meu tio ficava vendo jogo e eu queria ver TV. Ele dizia que "depois do jogo" eu poderia ver o que quisesse. Eu me sentava e ficava esperando. Como aquilo era chato e eu não entendia nada, ficava fazendo perguntas e ele ia explicando o que estava acontecendo.
Meu tio era são-paulino, de forma que eu via aquilo tudo como um jogo de xadrez, aos poucos fui entendendo o espírito da coisa. Mas um dia eu conheci o Pororó, marido de minha prima Elita. Corintiano fanático, explicou todas as regras, táticas e mumunhas, e não perdia um jogo do Coringão.
Desde o primeiro jogo do Corinthians, senti um frisson por aquele time que jogava em preto e branco, mas que fazia minha alma sentir-se colorida. E eu me rendi ao charme e graça do time mais brasileiro do mundo. O time do povão. O time do oprimido, do operário, do brasileiro mediano que balança no ônibus a semana toda, esperando para ver seu time jogar no domingo.
Com as idas à casa da Elita e do Pororó aprendi a gostar de futebol, amar o Corinthians e a comer salada de pepino com pimenta-do-reino. Já não vejo mais o Pororó, a Elita está velhinha e mora bem longe, mas o Coringão nunca mais saiu de dentro do meu coração.
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